Ódio Redentor
Muitos, com capacidade limitada de interpretação dos textos canônicos e da história, afirmam que Jesus, para trazer libertação do pecado para a raça humana, precisaria ser assassinado cruelmente. Contudo, o resultado de tal afirmação é uma brutal violação do conceito que se pode ter acerca da personalidade do Deus Pai que ordenou o filho.
Segundo a revelação do Antigo Testamento, foi dito não matarás, e amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração.
Se Deus criou uma fórmula através da qual o ser humano teria que atacar com ódio o próprio Deus manifestado através do Seu filho, para poder ser redimido, não seria correto adorar a Deus como um ser de perfeição, mas sim, teríamos que adorá-lo como um Deus de contradição. Contudo, quem é contraditório, Deus ou a interpretação dos teólogos?
Todos aqueles que estudam a Bíblia se deparam com o apelo de Jesus por amor. “Quem amar mais seu pai, sua mãe... mas do que a mim, não é digno de mim”. Sendo assim, como ser odiado e crucificado não fazia parte da estratégia, a morte não foi aceita nem por Jesus mesmo, apesar de ter sido admitida. Por isso, à medida que o cristianismo crescia, crescia também o ódio contra o povo judeu, considerados delatores do Cristo, culminando com o assassinato em massa por Hitler na segunda guerra mundial.
Para evitar a sequência do ódio contra os sobreviventes inocentes, os pregadores foram obrigados a reformular seus conceitos, introduzindo a tese da morte redentora. Foi essa a única maneira de conter a natureza vingativa e cruel do cristão de mentalidade medieval contra os judeus.
Jesus já veio ao mundo com poder para tirar o pecado daqueles que o amassem. Contudo, para desviarem-se dessa complicada verdade, hoje muitos pregadores testificam apenas um Jesus curandeiro.
José Anizio A. Souza