Clama Enquanto Há uma Faíscas
Deixa-se de lutar pelo doente.
Passa-se a velar pelo hospital.
Assim é o mundo e suas de instituições:
pisa seus filhos
torna-os em adubo
ou em tapetes
um pano de chão.
O infame doente
foi para se curar
no infame hospital
que propôs tratar
o paciente.
Deixa-se de lutar
pelo aluno,
e a educação
sua frente toma.
Perde-se o alvo
o tiro é em vão.
projeta lama.
O inocente tornou-se a presa
de onde se extrai
o sangue, o leite e o pãoe assim, salva-se uma enorme multidão.
Come-se.
Não para alimentar
mas para morrer
e para matar
a natureza
e o irmão
que esperava
pelo menos o que ia sobrar.
Bebe-se
não pela sede
ou necessidade
só vaidade
é distração
até o rim explodir
e o rio secar
seca também
o coração
de quem ficou a esperar.
Seca também a barriga
e a esperança
da sua criança
e do seu credor.
Seca-se o valor
do homem que era bom
e da mulher que era bela
que deixou de ser fera!
naquilo que fazia
e sempre vencia
na noite e no dia.
Veste-se
não pela proteção,
nem pela elegância
é para gastar
a soma infinita
que estava ociosa.
É mostrar poder
e sua grandeza
diante dos fracos
que nem sabem o que é bom
e cantam seus canto
lambendo bombons
e dizendo prosas.
Trabalha-se.
Não para criar
só pra não estressar
e não passar fome
ou humilhação
nem ficar parado
vendo o débito esticar.
Governa-se.
Pelo povo,
ou para o povo?
ou para a nação?
Não por um partido
ou uma instituição.
nem para um cão
com cauda ou focinho
que fareja o chão.
nem para ratos ou gatos sorrateiros
que muito ligeiros
solapam seu pão.
Grita mundo!
Chora seu lamento
enquanto ha promessa
de redenção.
Enquanto ainda há sobras
de emoção
e faíscas de razão.
rabiscos de memória
há gente que chora
e soluça
rasgando as vestes
do coração.
Quem sabe ainda há ouvidos
nos teus predadores
e comecem a temer
que tu venhas a morrer!
José Anizio A S
Quase Sei Quem Sou
Quem Sou Eu?
A vezes sei responder
As vezes penso que sei
As vezes que respondi
tanto acertei quanto errei.
Como posso responder?
Agora sou um poeta
Amanhã, um operário
Um dia sou vendedor
Num outro, sou empresário.
Um dia sou pregador
Noutro ouço a pregação
Um dia sou pecador
Num outro, sou bom cristão
As vezes tenho problemas
e nem sempre a solução.
As vezes me sinto um sábio
As vezes que nada sei
As vezes me sinto um súdito
As vezes me sinto um rei.
As vezes quase me vejo
As vezes sou invisível
As vezes me sinto um deus
As vezes me sinto um lixo.
As vezes sinto que existo
As vezes que nunca existir
As vezes me sinto crescer
As vezes a sucumbir.
As vezes sou uma virtude
Pura humildade e pureza
As vezes cheio de graça
Outras cheio de impureza.
Quem sou eu?
Acho que só um poeta
pode ser quem eu sou
Acho que muito tentei
O muito já me tentou.
Muitas coisas comecei
Muito pouco terminei
Mesmo que as fiz com vontade
Ou quando as fiz com amor.
Mas os versos que comecei
As vezes, nunca os parei
Sempre tirei conclusões
das coisas que eu pensei
Eu devo ser um poeta
Mas fico com o talvez.
J A A S
Canto de Esperança
Por que estais a cantar
Oh filho da natureza?
Se estão a destruir
dos jardins de tua casa
tudo o que há de beleza?
Tu não tens para onde ir
tu não tens mais alimento
o ar tornou-se em cimento
tu nem podes progredir?
Esse canto que entoas
é de lamento, ou de dor?
eu sei não é de revolta
pois um filho da natureza
chora ou canta por amor.
Cante, cante, oh passarinho
não desista de cantar!
Os humanos necessitam
que mostres que o amor
um dia há de chegar.
Um dia esse seu canto
que serve de pregação
vai redimir os humano
que com tanta insensatez
provocam destruição!
J Anizio A S